Só assim é possível determinar se o problema foi causado por comportamentos inadequados ou por uma situação pontual.
No cenário atual, o papel de um educador financeiro vai muito além de simples conselhos sobre economias e investimentos. A função primordial é fazer com que as pessoas compreendam que, em grande parte dos casos, são os comportamentos adotados ao longo do tempo que as levam a enfrentar diversos problemas financeiros. Ao atender um cliente endividado, o educador ou consultor financeiro precisa, antes de tudo, identificar os tipos de dívidas e os riscos associados a elas. Porém, o passo mais crucial é conhecer as principais causas que levam ao endividamento. Só assim é possível determinar se o problema foi causado por comportamentos inadequados ou por uma situação pontual, para, então, buscar a solução mais apropriada.
É comum que a pessoa endividada se sinta culpada ou envergonhada, mas esses sentimentos muitas vezes vêm acompanhados de ansiedade, insegurança, solidão, medo e até desespero. Contudo, para não nos desviarmos do foco, abordaremos aqui apenas as causas do endividamento, deixando os efeitos emocionais para uma discussão futura.
Desequilíbrio financeiro: uma questão de organização
A primeira e mais evidente causa de endividamento é o desequilíbrio financeiro. A falta de controle sobre o uso do cartão de crédito e do cheque especial geralmente indica uma ausência de organização e planejamento.
Muitas pessoas começam o mês com uma grande parte de seu orçamento comprometida com despesas fixas e parcelas, restando pouco para as necessidades do dia a dia. Como resultado, acabam recorrendo a dinheiro que ainda não possuem, entrando em um ciclo de dívidas.
Desemprego: o risco da falta de planejamento
Outra causa significativa é o desemprego, especialmente quando aliado à falta de planejamento financeiro. Muitas pessoas vivem na chamada “corrida dos ratos”, gastando tudo o que ganham e terminando o mês com o saldo zerado.
Sem uma reserva de emergência, qualquer imprevisto, como a perda de emprego, pode levar rapidamente ao endividamento. Um exemplo claro é o uso do saldo do FGTS para amortizar dívidas de um financiamento imobiliário sem ter uma reserva financeira. Caso o indivíduo perca o emprego logo depois, a probabilidade de entrar em dívida aumenta drasticamente.
Divórcio: quando a separação pesa no bolso
O divórcio é outra causa relevante de endividamento, funcionando como uma via de mão dupla. Problemas financeiros podem levar ao divórcio, e a separação, por sua vez, pode gerar novas dívidas. Após o divórcio, cada cônjuge assume integralmente despesas que antes eram divididas. Além disso, mudanças na rotina, como a maior frequência de saídas e gastos pessoais, também podem impactar negativamente o orçamento.
Doença: o imprevisto que pode comprometer as finanças
A doença, tanto do provedor quanto de um membro da família, é uma causa que muitos preferem não considerar, mas que pode ter um impacto significativo nas finanças. A importância de uma proteção financeira robusta, como a construção de uma reserva financeira, a contratação de seguros e a manutenção de planos de saúde, não pode ser subestimada. Essas medidas podem minimizar os riscos de endividamento diante de uma situação de emergência médica.
Compreender as causas do endividamento é essencial não apenas para resolver a situação, mas para evitar que o problema se repita no futuro.
Conhecer esses fatores permite ao indivíduo focar na solução em vez de se fixar no problema, transformando a dívida de um obstáculo em uma oportunidade de aprendizado e mudança.